O local de trabalho está a tornar-se um ambiente cada vez mais perigoso para os trabalhadores, pelo que é mais importante do que nunca ter um plano para os manter em segurança.
A violência no local de trabalho pode surgir de várias formas diferentes – e prejudiciais. De acordo com a Occupational Safety and Health Administration (OSHA), a violência no local de trabalho é definida como “qualquer ato ou ameaça de violência física, assédio, intimidação ou outro comportamento perturbador ameaçador que ocorra no local de trabalho”.
Isto pode, obviamente, incluir agressão física, ameaças verbais, abuso verbal e homicídio. O Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos (National Safety Council – NSC) relata que agressões violentas no trabalho resultaram em 20.050 lesões e doenças que exigiram dias de afastamento do trabalho em 2020 e quase 500 mortes em 2021.
De acordo com um novo estudo conjunto, o primeiro do género, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Lloyd’s Register Foundation (LRF) e da Gallup, mais de uma em cinco pessoas empregadas (quase 23%) sofreu violência e assédio no trabalho, seja físico, psicológico ou sexual.
A violência no local de trabalho pode prejudicar e impactar uma grande parte da força de trabalho. No entanto, a OSHA afirma que as pessoas correm um maior risco de serem afetadas pela violência no local de trabalho se tiverem uma tarefa em que:
De acordo com estas diretrizes, isto inclui pessoas que trabalham nas seguintes indústrias:
Para nos concentrarmos na prevenção da violência no local de trabalho, temos primeiro de compreender as formas como os trabalhadores podem ser agredidos no trabalho e a intenção subjacente a essas ações. De acordo com o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), a violência no local de trabalho pode ser classificada em 4 tipos:
1– Intenção criminosa – O tipo mais comum de violência no local de trabalho, a intenção criminosa é uma situação em que “o perpetrador não tem qualquer relação legítima com a empresa ou com os seus trabalhadores e está normalmente a cometer um crime associado à violência (p.e., roubo, furto em lojas ou invasão de propriedade).”
2– Cliente – As pessoas que prestam cuidados de saúde essenciais e serviços sociais estão mais expostas a este tipo de violência. Nos cuidados de saúde, “este tipo de violência ocorre mais frequentemente em situações de emergência e tratamento psiquiátrico, salas de espera e ambientes geriátricos”.
3– Trabalhador contra trabalhador – Este tipo de violência ocorre entre colegas de trabalho que cometem atos violentos uns contra os outros; é também designada por violência lateral ou horizontal. Segundo o NIOSH, este tipo de violência pode incluir “intimidação e manifesta-se frequentemente como abuso verbal e emocional injusto, ofensivo, vingativo e/ou humilhante, embora possa ir até ao homicídio”.
4– Relações pessoais – Embora não seja tão frequente como os outros tipos, a violência nas relações pessoais inclui circunstâncias pessoais abusivas/violentas com outra pessoa que afetam e prejudicam o ambiente de trabalho de um trabalhador – e todos os que nele se encontram.
Para proteger eficazmente os trabalhadores contra estes quatro tipos de violência no local de trabalho, as organizações devem ser persistentes e criativas. As organizações devem empregar uma seleção estratégica de medidas e passos de segurança que possam ajudar a lidar com este risco ocupacional – e, com sorte, eliminá-lo completamente.
Embora sejam eficazes individualmente, as 5 medidas de segurança no trabalho que se seguem serão significativamente mais benéficas quando combinadas com outras, bem como com quaisquer precauções de segurança adicionais que possam ser necessárias para a sua indústria.
1. Avaliação, análise e consulta
A prevenção da violência no local de trabalho começa sempre com uma avaliação dos riscos. Esta avaliação é complementada por uma análise do ambiente de trabalho com consulta do pessoal e/ou do público. Uma vez realizada uma avaliação exaustiva dos perigos relacionados com a violência, podem então ser desenvolvidas estratégias de segurança.
Qualquer novo protocolo ou medida de segurança deve basear-se nos perigos e riscos profissionais identificados numa avaliação de riscos. Estas medidas devem ser apoiadas por uma análise completa do ambiente de trabalho, incluindo a consulta de todos os trabalhadores relevantes, membros do público ou partes interessadas que possam fornecer informações valiosas sobre saúde e segurança no trabalho (SST).
2. Política e protocolos de prevenção de violência
Uma vez documentados os riscos específicos de segurança relacionados com a violência, pode ser implementada uma política de prevenção de violência. Este tipo de política será a espinha dorsal do seu programa de prevenção de violência e dos protocolos de segurança correspondentes, que devem estar acessíveis a todos os trabalhadores. Embora flexível, um plano de prevenção de violência deve incluir:
3. Formação em segurança
Qualquer política e protocolos de prevenção de violência devem ser comunicados aos membros do pessoal através de qualquer meio de comunicação interna já existente, como intranets, boletins informativos ao pessoal e plataformas de redes sociais da empresa. No entanto, o canal mais eficaz e cativante é a formação em matéria de segurança.
Os investigadores concluíram que “à medida que os métodos de formação se tornavam mais envolventes (ou seja, exigindo a participação ativa dos formandos), os trabalhadores demonstravam uma maior aquisição de conhecimentos e verificavam-se reduções nos acidentes de trabalho, doenças e lesões. Todos os métodos de formação produziram melhorias significativas no desempenho comportamental”.
A formação em segurança é particularmente eficaz para os trabalhadores vulneráveis, como é o caso dos trabalhadores solitários, que podem estar a trabalhar em circunstâncias em que correm maior risco de violência e assalto. Se sofrerem um incidente violento durante o trabalho, não terão a ajuda ou o apoio de um colega de trabalho caso necessitem.
4. Tecnologia e dispositivos de monitorização dos trabalhadores
Os trabalhadores têm de desempenhar as suas funções em vários contextos, como numa grande fábrica, fora das instalações ou autonomamente. Em qualquer dos casos, o bem-estar dos trabalhadores tem de ser monitorizado para que, se algo acontecer ou se sentirem ameaçados e desconfortáveis, a ajuda possa ser imediatamente enviada.
Os dispositivos de monitorização dos trabalhadores, como por exemplo, equipamentos de tracking. São uma ferramenta que podem rastrear dados biométricos, ser utilizada para comunicações internas e seguir a localização dos trabalhadores. Os dispositivos variam consoante as necessidades dos trabalhadores, condições ambientais, casos de utilização e outras preferências. A maioria destes dispositivos é muito compacta e pode ser facilmente transportada ou usada pela pessoa que está em risco.
As organizações têm de avaliar qual a solução mais adequada e se esta inclui dispositivos portáteis ou hardware, ou se pode ser adicionado software aos dispositivos existentes. Existem muitas aplicações de segurança automatizadas que podem ser facilmente descarregadas e utilizadas nos dispositivos que os trabalhadores já transportam, incluindo os seus telemóveis pessoais ou relógios inteligentes.
5. Reavaliação e reanálise
A primeira medida de segurança desta lista foi uma avaliação de riscos do ambiente de trabalho. A última medida de prevenção da violência sugerida é também a avaliação. Trata-se de uma avaliação repetida – e regular – das circunstâncias e ambientes de trabalho em constante alteração (p.e., novos trabalhadores e protocolos ou atualizações da legislação e dos regulamentos de segurança).
As avaliações do risco de violência devem ser efetuadas pelo menos anualmente, ou até mesmo mensalmente, dependendo do nível de risco de violência no local de trabalho. Após cada avaliação, o departamento de segurança precisa de rever os resultados para determinar se são necessárias alterações, a melhor maneira de as implementar e continuar a encontrar novas formas de mitigar ou prevenir a violência no local de trabalho.
Uma crença generalizada sobre a violência no local de trabalho é que os danos são temporários e principalmente físicos. Trata-se de um grande equívoco. A violência no local de trabalho pode afetar a saúde mental de um trabalhador durante anos e pode mesmo levar ao esgotamento.
Os investigadores descobriram uma correlação significativa entre a redução da eficácia profissional e a violência não física no local de trabalho, como a agressão verbal, o esgotamento do trabalhador, a exaustão emocional e o cinismo. Além disso, a violência no local de trabalho pode resultar numa cultura de trabalho infeliz, em que a rotatividade dos trabalhadores é elevada.
A “Great Resignation” demonstrou que pode ser difícil reter pessoas qualificadas. Sempre que um trabalhador qualificado deixa uma organização, leva consigo o seu conhecimento institucional. Além disso, esses substitutos – e os seus colegas – correm um maior risco de sofrer lesões ou danos devido ao facto de os procedimentos de segurança não serem devidamente seguidos.
Ao procurar desenvolver medidas para abordar e prevenir a violência no local de trabalho, certifique-se sempre de que ouve e consulte os trabalhadores. São estas pessoas que se colocam em perigo apenas por fazerem o seu trabalho. Merecem toda a atenção da empresa e todos os esforços possíveis para os manter em segurança.
O seu pessoal merece um empregador que planeie e se prepare para o impensável, de modo a que, se algo acontecer, todos estejam preparados para lidar com isso – e da forma mais segura possível.