O consumo de álcool é socialmente aceite em muitas culturas, mas por trás dos brindes e celebrações esconde-se um problema grave de saúde pública: o alcoolismo.
Este artigo visa esclarecer o que é o alcoolismo, os seus impactos e os perigos associados ao consumo, especialmente em Portugal, um país com números alarmantes.
O alcoolismo, também conhecido como dependência de álcool, é caracterizado pelo consumo compulsivo e descontrolado de bebidas alcoólicas.
Esta dependência vai além de um simples hábito social, transformando-se numa doença psiquiátrica que afeta a saúde física e mental, as relações interpessoais e a vida profissional do indivíduo.
O dependente perde o controlo sobre o consumo, mesmo quando este causa consequências negativas.
Surpreendentemente, um estudo recente classificou o álcool como a droga mais perigosa, superando até mesmo a heroína e o crack.
Apesar da sua legalidade, o álcool é uma substância psicotrópica que atua no sistema nervoso central, alterando o comportamento e o funcionamento do organismo.
Os números em Portugal são particularmente preocupantes. O país apresenta a taxa de consumo diário de álcool mais alta da União Europeia, com 20,7% da população a consumir álcool diariamente em 2019, em comparação com a média europeia de 8,4%.
Este consumo elevado tem um impacto direto na saúde pública, sendo um dos principais fatores de risco associados à mortalidade e perda de qualidade de vida.
Estima-se que 25% dos acidentes de trabalho em Portugal estejam relacionados com o consumo de álcool. Para combater eficazmente o consumo de álcool no trabalho, é fundamental adotar uma abordagem ativa, centrada na saúde ocupacional.
A alcoolemia, ou seja, a concentração de álcool no sangue, afeta progressivamente as funções psicomotoras e comportamentais. Vejamos alguns exemplos:
0,2 g/L: Diminuição da perceção de objetos em movimento rápido.
0,3 g/L: Perceção das distâncias alterada.
0,5 g/L: Diminuição da adaptação à escuridão e alteração na perceção das cores. Aumento da vontade de correr riscos.
0,8 g/L: “Visão em túnel” e declínio significativo da coordenação psicomotora. Limite da incapacidade relativa para conduzir.
1,1 g/L: Desregulação psicomotora massiva, má avaliação das condições circundantes e distorção da autoperceção. Limite da incapacidade absoluta para conduzir.
A relação entre o consumo de álcool e o risco de acidentes é inegável. A probabilidade de causar um acidente aumenta exponencialmente com a concentração de álcool no sangue:
0,6 g/L: 2 vezes maior probabilidade de acidente.
0,8 g/L: 4 vezes maior probabilidade de acidente.
1,0 g/L: 6 vezes maior probabilidade de acidente.
1,3 g/L: 12 vezes maior probabilidade de acidente.
1,5 g/L: 25 vezes maior probabilidade de acidente.
É fundamental compreender que, apesar da sua legalidade, o álcool é uma droga com potencial devastador. A sua acessibilidade e aceitação social contribuem para a banalização do problema e dificultam a perceção dos riscos.
O alcoolismo é um problema complexo que exige uma abordagem multifacetada. A consciencialização sobre os riscos associados ao consumo excessivo de álcool, a promoção de hábitos saudáveis e o acesso a tratamento especializado são passos fundamentais para combater este flagelo.
Se você ou alguém que você conhece luta contra o alcoolismo, procure ajuda profissional. Existem recursos disponíveis para auxiliar na recuperação e na construção de uma vida mais saudável e equilibrada. Não hesite em procurar ajuda!
Veja também o nosso artigo Estudo associa consumo de álcool a milhões de dias de trabalho perdidos
Serviço Nacional de Saúde (SNS): Consulte o seu médico de família para obter orientação e encaminhamento.
Centros de Atendimento a Alcoólicos Anónimos (AA): https://www.aaportugal.org/
Linha Saúde 24: Ligue 808 24 24 24 para obter informações e apoio.