Quais são as Fases dos Incêndios em Recintos Fechados?

Os fogos podem ser facilmente comparados a um ser vivo. Todos eles têm um ciclo de vida que seguem, e querem continuar a viver, por vezes aparentemente com desespero.

Se falar com os bombeiros, eles dir-lhe-ão que os incêndios também têm personalidades – alguns são maus e agressivos, enquanto outros são preguiçosos e submissos. E quando falamos de “fogo” é importante sublinhar que estamos a mencionar um fogo completamente desenvolvido.

Na linguagem dos bombeiros, o ciclo de vida de um incêndio é descrito em “estágios”, identificadas e explicadas em baixo neste artigo.

Mas, do ponto de vista da supressão de incêndios, é sempre preferível atacar um incêndio na fase inicial – poder-se-ia dizer enquanto ele ainda está na sua infância. As vantagens são claras: a segurança é amplamente melhorada, requer menos agente para extinguir, os danos causados pelo fogo são muito limitados e a deslocação dispendiosa ou o tempo de inatividade são reduzidos.

Um incêndio adulto é uma história totalmente diferente. Uma vez que o fogo se tenha desenvolvido completamente, ele ganha uma caraterística muito mais autoritária e é infinitamente mais perigoso e difícil de extinguir.

A maioria dos incêndios não arde de forma linear, mas segue geralmente um padrão de crescimento em forma de sino. Quando os incêndios ocorrem em recintos fechados, a curva de crescimento é mais íngreme e melhor definida porque o ambiente fechado irradia tanto calor para as outras superfícies de combustível que estas podem inflamar-se sem que as chamas lhes toquem.

Os incêndios em recintos fechados são conhecidos como incêndios de compartimento. São um fenómeno diferente dos incêndios que ocorrem no ambiente exterior. O confinamento atua para selar grandes quantidades de calor e vapores inflamáveis, o que acelera o processo de crescimento e aumenta a intensidade.

Como começa um Incêndio?

Todos os incêndios começam com algum evento iniciador. Embora não seja visto como uma “fase” do incêndio, por si só, este evento inicial é referido como ignição. Algo aconteceu que juntou os 3 lados do triângulo do fogo e o fogo começou.

A primeira fase do incêndio é designada por fase incipiente. Esta fase ocorre pouco depois da ignição e a reação química está bem encaminhada. O fogo é pequeno, está confinado à área de ignição e não está a ter muito ou nenhum efeito na temperatura do compartimento.

À medida que o fogo entra no segundo estágio – o estágio de crescimento – então começa a espalhar-se para os combustíveis adjacentes.

O fogo torna-se maior através do aquecimento rápido do compartimento. Uma camada de fumo e gases do fogo, conhecida como camada térmica, acumula-se no teto.

À medida que a fase de crescimento continua, a temperatura do teto aproxima-se dos 1000°F. A camada de gás superaquecido irradia o calor para todas as superfícies da sala, e todos os combustíveis entram em combustão de uma só vez, num evento chamado flashover. Esta série de ações pode ocorrer em menos de 3 minutos.

Fase de Desenvolvimento Completo do Incêndio

Após o flashover, o fogo entra rapidamente na sua fase de desenvolvimento completo e arde vigorosamente até que algo o faça decair. É necessário esforços e recursos consideravelmente maiores para combater um incêndio totalmente desenvolvido, sendo que adicionalmente neste estágio o fogo também expõe aqueles que combatem o incêndio a um risco substancialmente maior.

O National Institute of Standards and Technology (NIST) efetuou uma extensa investigação sobre o comportamento do fogo, num esforço para reduzir o número de bombeiros mortos todos os anos.

Ao fazê-lo, compilaram inúmeros vídeos do comportamento dos incêndios em recintos fechados. Para apreciar plenamente a rapidez com que um fogo pode passar pelas fases até se tornar um incêndio totalmente desenvolvido, veja este pequeno vídeo realizado nos laboratórios de testes do NIST.

Fase de Decomposição do Incêndio

O próximo passo no ciclo de vida do incêndio é a fase de decomposição. Um incêndio totalmente desenvolvido entra na fase de decadência por uma de 3 razões:

Consome todo o combustível

Consome oxigénio até um nível inferior a 16%

Alguém começa a extingui-lo

Embora o “apagar do fogo” pareça ser uma coisa boa, na verdade pode criar uma situação extremamente perigosa se ocorrer pela segunda razão acima mencionada, ou seja, o consumo de oxigénio.

Se um incêndio arder num espaço vazio – como a área acima de um teto falso onde não há um bom fluxo de ar – o fogo pode consumir o oxigénio no espaço até que a combustão das chamas cesse.

No entanto, este fogo latente continua a produzir calor e vapores inflamáveis. Tudo o que precisa para completar o triângulo do fogo é de oxigénio. Se o oxigénio for introduzido subitamente, pode ocorrer uma corrente de ar de retorno.

As contracorrentes são também chamadas “explosões de fumo” porque literalmente todos os gases inflamáveis no fumo se inflamam de uma só vez. Como resultado de estar confinado, cria uma explosão. Aqui está um vídeo em que isto aconteceu exatamente a uma equipa de bombeiros num incêndio numa casa. Por incrível que pareça, ninguém ficou ferido!

Conclusão

Reconhecer os estágios do fogo é importante. Se não for um bombeiro equipado, nunca deve tentar atacar diretamente qualquer incêndio que tenha crescido para além da fase incipiente.

Os esforços de proteção contra incêndios devem sempre concentrar-se na deteção e extinção do incêndio enquanto este é pequeno e antes que se aprofunde.

A progressão de um incêndio para as fases de crescimento e desenvolvimento completo pode sobrecarregar os sistemas fixos e exigir uma resposta de combate a incêndios composta por várias unidades do corpo de bombeiros local ou da brigada de incêndio da fábrica.

A deteção de incêndios precoce, juntamente com um sistema de extinção de incêndio “sempre em serviço”, é a melhor e mais segura resposta para a maioria dos cenários de incêndio.