A garantia de Segurança Laboral é fundamental e obrigatória nas empresas. Por esse motivo é exigida por parte das organizações a formação dos seus trabalhadores e estes esforços devem refletir-se nas suas atitudes em relação à segurança.
No entanto, muitos profissionais de saúde, segurança e formadores debatem-se com o problema da mudança de atitudes para incentivar os trabalhadores a garantirem a sua própria integridade física e psicológica. Este é um problema de formação que melhora o conhecimento dos riscos de segurança, mas tem pouco impacto no comportamento.
Para este artigo, analisamos algumas pesquisas recentes que investigam mudanças de atitudes em relação à segurança laboral após os trabalhadores completarem a formação obrigatória em Higiene e Segurança no Trabalho (HST).
De referir que a legislação vigente em Portugal obriga as entidades patronais a formarem os seus trabalhadores, de acordo com o código de trabalho Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro (aprova o código do trabalho – art.º 130 a 134º), sendo necessário relembrar ainda todas as alterações implícitas na aprovação da Lei n.º 93/2019, de 4 setembro, no artigo 131º, que altera o período de formação contínua no local de trabalho de 35 para 40 horas por ano.
Também é importante saber que a formação profissional pode ser desenvolvida pelo empregador, por entidade formadora certificada ou por estabelecimento de ensino reconhecido pelo ministério competente.
De notar que as entidades formadoras estão sujeitas a uma certificação atribuída por um organismo próprio, Direção de Serviços de Qualidade e Acreditação (DSQA) que constitui uma unidade orgânica nuclear da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), que tem competência específica de gestão do Sistema de Certificação de Entidades Formadoras.
O estudo referido em cima conclui que ocorrem apenas pequenas mudanças de atitude nos trabalhadores em relação à segurança laboral após cada formação. Estas mudanças incluem melhorias no conhecimento dos riscos de segurança e uma melhor intenção sobre os comportamentos, mas sem desenvolvimento de maior preocupação com a segurança como um problema real.
Mas, se os trabalhadores não se preocupam com a segurança depois de completarem a formação obrigatória, como podemos resolver este problema?
O estudo utiliza a indústria da construção como pano de fundo da discussão para destacar as atitudes de segurança.
As últimas estatísticas disponíveis segundo a PORDATA mostram que em Portugal aconteceram 48 fatalidades na indústria da construção em 2015 e 48 no Reino Unido. Na China, cerca de 3 mil trabalhadores da construção civil foram declarados mortos devido a acidentes relacionados com o trabalho.
Por todas as razões, a formação para melhorar as atitudes dos trabalhadores em relação à segurança laboral é um fator crítico e uma prioridade máxima para os gestores na indústria da construção.
Há indícios de que a formação sustentada por princípios de aprendizagem de adultos pode melhorar o clima de segurança, as perceções e o comportamento em projetos de construção.
No entanto é esse ingrediente-chave da utilização de métodos de educação de adultos que é o mais importante. Quando não a sociedade não se preocupa com a forma como os adultos aprendem, a formação deixa de fazer diferença.
Atualmente é possível apoiar melhor os princípios de aprendizagem de adultos com tecnologia. Ferramentas baseadas na Web, tais como e-learning, vídeo, realidade virtual e métodos interativos, melhoram a formação em segurança laboral.
A competência linguística e a alfabetização são melhor suportadas com ferramentas visuais, tais como animação e imagens. A utilização de técnicas de aprendizagem inovadoras incentiva o envolvimento com os conteúdos que podem ajudar na transferência de conhecimentos para o local de trabalho.
A formação baseada no trabalho que proporciona às pessoas uma experiência direta dos processos no local de trabalho e dos incidentes de segurança pode ser uma forma convincente de melhorar as atitudes em relação à segurança.
Por exemplo, a Safe Work Australia realizou um inquérito a 1.052 entidades patronais e 1.311 empregados para constatar que 39% dos empregadores da construção civil não facultam qualquer formação sobre Saúde e Segurança no Trabalho (SST) aos seus empregados.
O relatório mostra que a indústria da construção civil investe menos na formação em segurança do que muitas outras indústrias de menor risco, como a venda a retalho e a restauração, e não está ao nível de outras indústrias prioritárias.
As pressões de tempo e custos são dadas como as razões justificativas e muitos encaram a formação como um fardo. As empresas mais pequenas argumentam que têm recursos limitados para investir em formação.
Curiosamente, as empresas de construção gastam relativamente mais tempo do que qualquer outra indústria altamente prioritária a criar Declarações de Métodos de Trabalho Seguros, mas ao mesmo tempo relatam um nível significativamente mais elevado de incidentes de segurança do que a maioria.
Além disso, o inquérito revela que 25% de todos os trabalhadores da construção civil aceitaram assumir riscos rotineiramente como parte normal do seu trabalho.
As entidades patronais da construção civil são mais propensas a considerar os riscos como inevitáveis no local de trabalho com incidentes menores como parte normal do trabalho diário. Acreditam também que os locais de trabalho da construção civil não se adequam às pessoas excessivamente preocupadas em ficarem lesionadas.
O inquérito mostra que 26% dos trabalhadores da construção civil aceitam assumir riscos no trabalho e 14% sugerem que quebrariam as regras de segurança para concluir o trabalho a tempo.
As atitudes dos trabalhadores em relação à segurança não só determinam o seu comportamento em segurança no local de trabalho, como também a sua aceitação e adesão às instruções formais do local de trabalho.
As atitudes de segurança também influenciam a tomada de iniciativa para implementação de práticas informais, sempre que necessário, para melhorar a segurança.
As atitudes de segurança variam de acordo com a idade. Os trabalhadores mais velhos estão mais inclinados a demonstrar atitudes positivas em relação à segurança do que os trabalhadores mais jovens.
Os trabalhadores jovens encaram os riscos de segurança como uma parte inerente do trabalho porque acreditam não ter influência na forma como o trabalho pode ser realizado.
O comportamento passado afeta as atitudes dos trabalhadores em relação à segurança. Se alguém executa uma tarefa de construção em segurança, então isso influenciará positivamente o seu conhecimento de como realizar uma tarefa em segurança e é mais provável que repita este comportamento.
Inversamente, quando um empregado toma atalhos e executa uma tarefa sem segurança, com pouca ou nenhuma consequência, é provável que continue com este comportamento.
O estudo concluiu que o género, a idade e a educação afetam as atitudes de segurança. Ao desenvolvermos programas de formação em segurança, precisamos de prestar mais atenção na adaptação dos programas de acordo com as características demográficas das pessoas que estão a ser formadas.
Precisamos também de utilizar novas tecnologias interativas e imersivas baseadas em princípios de aprendizagem para adultos.
O nível de interação e envolvimento afeta a aceitação dos formandos e as mudanças no comportamento de segurança após a formação. Uma boa formação em segurança não é apenas o desenvolvimento de competências, mas também de uma ligação emocional com o assunto.
Dentro deste contexto, a TECNIQUITEL possui uma Academia de Treino onde encontra várias opções de Cursos Presenciais relevantes para a formação sem segurança. Educar e formar com qualidade para assegurar a Segurança Laboral é o nosso principal objetivo.
A TECNIQUITEL leva a formação a sério. Fornecemos métodos envolventes de formação sobre como gerir os riscos no local de trabalho, utilizando medidas críticas de controlo. Temos consciência que a formação relevante e envolvente em segurança é crucial para a transferência de conhecimentos para a prática. Contacte-nos para mais informações.