A importância do Supervisor de Segurança em Lesões no Trabalho

As lesões no trabalho são muito mais comuns do que a maioria das pessoas imagina. E isso está diretamente relacionado com a atividade profissional exercida pelo trabalhador.

Devido à presença de um supervisor de segurança no dia-a-dia e à sua estreita relação com os trabalhadores, estes constituem uma influência significativa no desempenho da segurança no local de trabalho.

São vários os papéis desempenhados por estes profissionais. Os supervisores incentivam práticas de trabalho seguras, dão prioridade à segurança, promovem a implementação de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), fornecem ferramentas e Equipamento de Proteção Individual (EPI), respondem a preocupações de segurança e recompensam o comportamento seguro, sempre com o intuito de garantir um nível reduzido de lesões nos seus locais de trabalho.

A sua influência é tão forte que possivelmente são mais importantes do que políticas e procedimentos formais de Higiene e Segurança no Trabalho (HST) na defesa de um comportamento seguro.

Neste artigo, passamos em revista a investigação canadiana que analisou 2.390 trabalhadores, para averiguar a ligação entre os supervisores e a gestão de riscos, a fim de reduzir lesões no local de trabalho.

Existe uma ligação estabelecida entre o trabalho perigoso e as lesões no trabalho. O nível de proteção fornecido à sua força de trabalho é afetado por:

Políticas e procedimentos;

Consciência do perigo;

Capacitação para participar na prevenção de lesões e expressar as suas preocupações.

Um supervisor que esteja consciente dos perigos no local de trabalho e que compreenda os riscos de segurança pode desempenhar um papel crucial na criação de um ambiente de trabalho seguro.

Os supervisores que estão ativamente empenhados na segurança, que identificam pró-ativamente os problemas antes que estes surjam e que comunicam clara e regularmente com os seus trabalhadores, podem ter um impacto significativo na prevenção de lesões.

A pesquisa envolveu 2.390 inquiridos, metade deles eram homens, um terço tinham menos de 35 anos de idade e a maioria trabalhava em empresas com 20 a 499 empregados.

As conclusões são interessantes. Em todo este grupo:

17,8% tinham um registo de acidente de trabalho ou doença;

11,9% dos inquiridos relataram uma lesão que exigiu uma dispensa de trabalho ou cuidados médicos;

23,7% relataram ter políticas inadequadas e procedimentos vulneráveis;

8,6% referiram que o supervisor que não estava consciente dos riscos envolvidos nos trabalhos executados pelos seus trabalhadores;

13,2% reportaram que o supervisor não fazia tudo o que é razoável para proteger os trabalhadores contra lesões no trabalho.

A este respeito leia também o nosso artigo “Os Técnicos de Segurança e Higiene do Trabalho são Agentes Morais?” para obter uma visão panorâmica sobre este tipo de trabalho e quais os valores que incorpora.

Ainda de acordo com o estudo referido em cima, a ocorrência de acidentes de trabalho foi mais comum nos locais de trabalho onde os supervisores não estavam conscientes dos riscos dos trabalhos executados pelos seus trabalhadores.

Da mesma forma, um nível mais elevado de lesões ocorreu em locais de trabalho onde se acreditava que o supervisor não fazia tudo o que estava ao seu alcance para proteger os seus trabalhadores.

Os trabalhadores vulneráveis apresentavam lesões com maior frequência. Assim, 50,3% dos trabalhadores que dispunham de políticas e procedimentos de segurança no local de trabalho limitados e sem qualquer apoio do supervisor reportaram uma lesão física nos 12 meses precedentes, em comparação com apenas 10,3% dos que tinham políticas e procedimentos e o apoio de um supervisor.

Os trabalhadores que não tinham autonomia para participar na prevenção de lesões e expressar as suas preocupações, além de, não usufruírem do apoio de um supervisor, eram quatro vezes menos propensos a relatar uma lesão física relacionada com o trabalho.

Depois de tomar em consideração a idade, sexo, relação laboral, dimensão do local de trabalho e tipo de indústria, o risco de lesões físicas foi pelo menos 3,5 vezes maior entre aqueles que apresentavam vulnerabilidade na SST e falta de apoio do supervisor.

Em conclusão, podemos aferir que o apoio de um supervisor direto tem um impacto significativamente maior na redução de lesões, mesmo em locais de trabalho com políticas e procedimentos, sensibilização e capacitação dos trabalhadores.

Um supervisor comprometido com a segurança na proteção dos trabalhadores pode ajudar aqueles que eventualmente não conheçam os seus direitos ou que não tenham autonomia para se fazerem ouvir. Isto é especialmente importante para os trabalhadores que são novos nos seus postos de trabalho ou aqueles com um baixo nível de alfabetização e deficiências linguísticas.

Neste sentido o nosso artigo “O Diretor de Obra deve identificar os perigos do local de trabalho?” pode também esclarecer melhor o pode e deve ser feito no local de trabalho por parte dos responsáveis.

Apoiar os supervisores nas suas funções e desenvolver as suas capacidades é uma componente importante das soluções para proteger os trabalhadores, especialmente em locais de trabalho de elevado risco onde remover perigos se torna um desafio. Para isso acontecer as organizações precisam de:

Proporcionar ações de formação em torno da liderança de supervisão que enfatize a segurança em todas as atividades e competências de gestão de relações.

Formar para desenvolver competências tais como escuta ativa, assertividade, interpretação, reflexão, análise de conflitos, coaching e mediação.

Alargar o papel de supervisão ao aconselhamento, coaching e educação, e não simplesmente à disciplina.

Apoiar os supervisores na tomada de decisões difíceis que adotam diariamente. Liderar a partir do topo onde o bullying, intimidação e comunicações desrespeitosas não são tolerados. Dar-lhes espaço para fazer o seu trabalho, cometer erros e aprender.

Demonstrar ativamente que os supervisores são membros altamente valorizados da força de trabalho que desempenham uma função essencial na gestão das relações no local de trabalho.

Assegurar que as descrições de funções dos supervisores são abrangentes, com expectativas claras.

Assegurar a existência de políticas, procedimentos e sistemas percetíveis.