catástrofes

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Luís Paulo
8 de Maio de 2023

Conheça 5 catástrofes em Portugal entre 2010 e 2019

Hoje em dia, é frequente surgirem notícias associadas a catástrofes sejam elas de origem humana ou natural.

Infelizmente em Portugal é frequente no verão acompanharmos as notícias sobre a ocorrência de incêndios rurais diariamente, enquanto no inverno prevalecem as tempestades, inundações e cheias.

Neste artigo, mostramos uma análise entre os anos 2010 e 2019, escolhendo os 5 acontecimentos mais importantes que atormentaram Portugal, em que os seus efeitos não só prejudicaram as comunidades, como também o sistema da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

1 - Aluvião na Madeira a catástrofe de 2010

Na madrugada de 20 de Fevereiro 2010 a ilha da Madeira é confrontada com uma forte precipitação acompanhada em simultâneo pela subida do nível do mar, como nunca antes se tinha registado em Portugal.

Estes acontecimentos provocaram inundações e derrocadas ao longo das encostas da ilha, principalmente na parte sul, os quais causaram várias vítimas e danos materiais significativos.

Os efeitos causados na ilha da Madeira foram principalmente na zona do Funchal, Vasco Gil, Ribeira Brava, entre outras zonas, devido à forte precipitação e inundações nas Ribeiras de São João, Santa Luzia e João Gomes.

Além disso esta enorme precipitação causou 47 mortes, 250 feridos e ainda 600 desalojados, resultante dos numerosos eventos verificados com base no fenómeno de precipitação extrema.

Ainda se verificaram inundações, derrocadas de várias infraestruturas, o arrastamento de diversas viaturas, destroços de edifícios entre outros objetos, arrastados pela violência das correntes de água que desceram pelas encostas da ilha.

Com o cenário de dilúvio instalado, mediante diversas ocorrências que terão sucedido em simultâneo, associado ao bloqueio de acessos a diversas localidades, originaram grandes problemas nas operações de socorro, que tiveram o apoio do continente com o auxílio de meios humanos e materiais de vários agentes da ANEPC.

A pluviosidade que se apurou nesse dia ultrapassou todos os registos históricos existentes até à data em todo o território nacional, segundo informações transmitidas pelo IPMA.

Assim, no segundo ponto mais alto da ilha, o Pico do Areeiro, a pluviosidade ocorrida rondou os 185 litros por metro quadrado, sendo o máximo anteriormente registado de 120 l/m2.

2 - Incêndios Rurais ocorridos em Portugal continental no ano 2013

2013 Foi um ano particularmente nefasto destacando-se pelos números relacionados com os incêndios rurais.

Todos os anos, com a chegada do verão e as temperaturas quentes o nosso país é atormentado pelo aparecimento de incêndios rurais, que frequentemente progridem para eventos de grande envergadura, podendo mesmo transpor vários concelhos e delapidando milhares de hectares de floresta em pouco tempo.

Assim sendo em 2013, registou-se mais de 150 mil hectares de área ardida, a maior incidência desde os incêndios de 2003 e de 2005, embora estes já tenham ocorrido algum tempo atrás, é de notar que ainda estão bem presentes na memória de muitos portugueses.

Além disso é de salientar que, neste ano, perderam a vida 9 bombeiros no decorrer das operações de combate, com prejuízos avaliados em mais de 208 milhões de euros.

3 - Catástrofes em 2016 - Incêndios Rurais na Madeira

A 8 de agosto de 2016 verificaram-se as primeiras situações de incêndios rurais em determinadas zonas da ilha da Madeira os quais foram agravados e justificados pela conjugação de condições atmosféricas propícias ao seu desenvolvimento quer no meio rural e florestal.

Deste modo, foram evoluindo até atingirem uma dimensão de grande envergadura, alcançando mesmo inúmeras zonas urbanas nas localidades da ilha. Somente no Funchal foram contabilizados mais de 1.600 hectares de área ardida, o que representa aproximadamente 22% da área total deste concelho.

Em toda a ilha foram registadas 3 mortes e 151 feridos, dos quais 2 em estado grave. A nível de danos patrimoniais, estes fogos causaram prejuízos avaliados em mais de 157 milhões de euros. É de salientar ainda que, durante estas operações, houve a necessidade de evacuar dois hospitais e diversos estabelecimentos hoteleiros da região, no auge da época alta do turismo nesta zona do país.

Este panorama levou o Governo Regional da Madeira a ativar o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil, o qual esteve operacional ao longo de 7 dias. Conforme a catástrofe de 2010, estas operações de socorro tiveram o apoio do território continental, quer em termos de meios e operacionais, além do reforço de operacionais oriundos da Região Autónoma dos Açores.

4 - Incêndios Rurais na região Centro de Portugal em 2017

O verão de 2017 é visto como o pior verão de sempre no que diz respeito a incêndios rurais desde que se documentam estes eventos. Somente este ano foram contabilizados mais de 440 mil hectares de área ardida e 115 mortes. Porém, este não foi o ano em que se verificaram mais eventos, confirmando assim que estes incêndios atingiram proporções superiores aos de outros anos.

Simultaneamente, a temporada de incêndios de 2017 fica ainda assinalada em virtude de uma grande parte da área ardida, além das mortes terem sido verificadas fora dos períodos considerados preocupantes.

Como se descreve este fenómeno?

Por exemplo, o incêndio de Pedrógão Grande que deflagrou em junho de 2017, contabilizando 66 mortes em menos de 24 horas e 45.000 hectares de área ardida em apenas 7 dias, sobretudo porque o incêndio evoluiu em pouco tempo derivado aos ventos provocados pelo furacão que se encontrava ao largo da costa portuguesa e pelo conjunto de condições meteorológicas excecionais que provocaram um fenómeno raro de downburst, sendo este o causador de grande parte das mortes verificadas nesse dia fatídico.

Além disso, no mês de outubro de 2017 voltaram a verificar-se fenómenos meteorológicos anormais para a época que promoveram o aparecimento de inúmeras ignições, assim como a sua progressão, contabilizando mais de metade dos 440 mil hectares de área ardida durante esse ano e as restantes mortes, nesse mesmo período.

Os acontecimentos que se verificaram no verão de 2017 tiveram uma repercussão profunda nas áreas atingidas, onde os prejuízos ultrapassaram os 500 milhões de euros, assim como também originou alterações a nível político, devido ao pedido de demissão da Ministra da Administração Interna, e ao nível dos sistemas de ANEPC e da Defesa da Floresta Contra Incêndios.

5 - Tempestade Leslie: a catástrofe de 2018 ocorrida em Portugal

Na madrugada de 14 de outubro, Portugal continental foi atingido pela tempestade tropical Leslie, com diferentes graus de gravidade, tendo um maior efeito na região centro, principalmente no distrito de Coimbra.

Foram registados valores recorde de velocidade de vento superiores a 170 km/h, o valor mais elevado observado em Portugal, o que causou aproximadamente 2.500 ocorrências em toda a área atingida, principalmente devido a quedas de árvores e outros elementos.

Para responder a este desastre natural, foi vital reunir aproximadamente 8.000 operacionais e 2.000 meios terrestres. Devido à tempestade também, foram suprimidos, para acautelar a realização de diversos eventos, várias ligações fluviais, marítimas e também ferroviárias.

Em termos gerais, foram registados 27 feridos, 61 desalojados com perdas financeiras contabilizadas em 120 milhões de euros, que levaram à comunicação de 28.000 sinistros às companhias de seguros.

Saiba qual foi o impacto destas catástrofes em Portugal na Proteção Civil?

Os acidentes graves e catástrofes constituem uma prova de stress ao sistema de ANEPC, aos procedimentos para redução de riscos e à planificação de emergência.

São estas ocorrências que exigem uma ação completa de todos os elementos do sistema e respetivos meios, que obrigam a uma coordenação efetuada num curto espaço de tempo e lidar com a complexidade da situação, que no final do dia permitem identificar os problemas e verificar quais são os pontos fortes e fracos do sistema.

São estas ocorrências que põem a ANEPC, o Estado e a sociedade civil à prova e nos fornecem lições para o futuro.

De acordo com o mencionado no nosso post “10 Anos de mudanças na ANEPC”, o Sistema de Proteção Civil progrediu em diversas questões ao longo dos últimos 10 anos. Parte dessas alterações ficou-se a dever a aspetos externos à própria proteção civil ou a colocação em prática de visões estratégicas para esta atividade.

Porém, a outra parte das alterações resultam das lições retiradas pelo know-how existente na gestão das ocorrências referidas acima, assim como outras que não foram aqui mencionadas.

Nomeadamente, os incêndios de 2013 e em particular de 2017, levaram a alterações consideráveis no Sistema de Proteção Civil e no Sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios, culminando em medidas como a criação da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais ou a implementação dos programas “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”.

Vários investigadores científicos e mesmo o próprio estado, por intermédio da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas, apresentaram informações antecipadas que mostram com maior frequência e intensidade o aparecimento de fenómenos naturais extremos, que promovem a ocorrência de acidentes graves e catástrofes.

Somente nos últimos 2 anos, testemunhamos diversos fenómenos com alguma intensidade, tal como, a tempestade Félix, a depressão Elsa e o Furacão Lorenzo. Assim, levantam-se diversas questões: está o Sistema de ANEPC preparado para os novos desafios? E quais serão as próximas lições a aprender?

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Luís Paulo
Assistente de Comunicação e Marketing
8 de Maio de 2023

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